quinta-feira, 23 de junho de 2011

Jovens ensinam nova forma de fazer política


Costumo falar aos meus alunos que ao contrário do senso comum, os jovens se interessam por política, o que eles não gostam é da política convencional. Quem precisa ficar atento a isso é a classe política, que além de ainda não saber lidar direito com as redes pode ser engolida por elas.

Minhas argumentações se comprovam com a recente pesquisa do Datafolha, em parceria com  agência Box1824, que ouviu jovens com idade entre 14 e 24 anos.

O levantamento considerou a opinião de quase 3 mil jovens, dos quais 59% não têm preferência partidária e 71% consideram a internet uma ferramenta política.

Os dados mostram que essa faixa etária encontra na internet a forma de se mobilizar politicamente. Conforme publicou o IG, eles “enxergam cada vez menos os partidos como uma opção para o engajamento político”.

Isso assinala alguns fatos muito importantes: a sociedade está mudando, os canais de voz já se ampliaram, a hierarquia está cada vez mais reduzida. A internet, e sobretudo as redes sociais, está tornando as pessoas iguais, com o mesmo poder.

Isso é perfeitamente compreensível se compararmos o comportamento dos jovens nas empresas. Se no meio corporativo, ele buscam horizontalidade nas hierarquias, ou seja, igualdade entre os cargos, logicamente buscarão na política.

Os políticos precisam urgentemente atentar para isso, pois cada vez mais aumenta a distância entre eles e as sociedades em rede. Senão reagirem, com toda a certeza, chegará um tempo em que falarão para si próprios. E o parlamento estará nas ruas, longe deles.

O estudo da Box1824 e Datafolha foi feito em duas etapas, uma qualitativa e outra quantitativa. A primeira abordou 1.200 entrevistados de universidades e organizações nas principais capitais do País. A segunda ouviu 1.784 jovens de 173 cidades em 23 Estados.

A pesquisa também concluiu que o jovem brasileiro está otimista com relação ao futuro. Dos entrevistados, 89% afirmam que têm mais orgulho do que vergonha de ser brasileiro. Apenas 9% acreditam que o Brasil está mudando para pior e 15% que o País não está mudando.

Outra constatação foi o otimismo desses meninos, mais ainda entre os de maior grau de escolaridade. Dos que possuem ensino superior, 81% acreditam numa melhora do Brasil. Entre os que fizeram só o ensino fundamental, 68% estão mais otimistas.

Esse fato nos remete a outra análise: se o governo quer ser bem avaliado, deve investir mais em educação. Há variações também entre os sexos. Dos homens consultados, 80% estão otimistas quanto a uma mudança positiva do País. Entre as mulheres, o número cai para 70%. Mesmo assim, aponta para um índice expressivamente alto.

Diante de todo esse cenário que se apresenta, com as redes sociais quebrando paradigmas, ficam alguns questionamentos. Até quando a classe política continuará olhando para o próprio umbigo, desconsiderando a opinião pública?  Será que eles conseguirão enxergar em tempo a internet como uma via de mão dupla?

O que se percebe, na verdade, não é uma apatia proposital ou falta de interesse, mas um desconhecimento de como agir e como operar as redes.

Se analisarmos essas transformações sociais demonstradas na pesquisa sob o conceito de política de Aristóteles, vamos perceber que os jovens brasileiros estão no caminho certo. O objetivo deles nada mais é do que aproximar o indivíduo do Estado.

E é isso o que estão fazendo por meio das redes sociais.  Segundo Aristóteles, a política visa o indivíduo e ao Estado compete promover a satisfação de todas as suas necessidades.  

Ivone Rocha
Especialista em Mídias Digitais
Estuda Políticas Públicas na internet
Professora de pós-graduação           
Senac-SP e Unicid
Colaboradora do MVC

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